Há alguns meses atrás, recebi de um amigo o convite para expor em um evento que seria realizado na universidade em que me formei. O tema do evento se relacionava ao futuro e a "Cybercultura", e à mim foi proposta a ideia de fazer uma pintura que pudesse interagir com esses conceitos.
A principio, a ideia me pareceu bastante interessante e muito produtiva. Entretanto, conforme os dias corriam, passei a me dar conta de que a missão não seria tão simples. Eu tenho muita dificuldade para conceber ideias futurísticas, pelo menos sob os moldes e ideais que as pessoas pré-estabeleceram sobre o futuro. Não gosto muito de desenhar robôs ou qualquer objeto mecânico, e as referências que tinha à minha disposição não eram compatíveis com as formas que eu imaginava na minha cabeça. Tenho uma visão muito particular sobre o futuro distante, em que elementos orgânicos e inorgânicos se completam e se distorcem sob um perspectiva surrealista. Penso em um futuro que possivelmente nunca existirá em outro lugar, se não na minha cabeça. Prefiro assim. Tentar projetar como as coisas realmente vão ser daqui a 100 anos me parece bem chato, na verdade.
A minha ideia para esta pintura era simbolizar o avançar da humanidade sobre a tecnologia e a imprevisibilidade do futuro sob o domínio do tempo. Nela, retratei as "Moiras", deusas, que na Mitologia Grega, representavam o ciclo vital, o destino, e o tempo que se sobrepõe aos homens e deuses. A primeira delas, segura a roca ou bastão de algodão e representa o início. A segunda, representa o decorrer da vida, as intempéries e as bonanças. A ultima, que segura uma tesoura, representa o futuro e a própria morte. Todas se conectam pelo fio de algodão, uma metáfora da vida, que aqui representa a jornada da raça humana ao futuro.
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