Mito Perdido

Comecei a trabalhar com certa relutância, confesso. Não por preguiça, mas por medo, por inexperiência. Agora estou me acostumando, tenho me divertido bastante com o meu trabalho e fico muito feliz pelos novos aprendizados. Com ele, ganhei a oportunidade de conhecer mais sobre a minha cidade e me livrar da ideia equivocada de que vivo num fim de mundo sem história e sem talentos.

Graças à iniciativa de uma nova amiga, todos dias um texto é retirado de algum livro de autor barretense e postado na página da Secretaria da Cultura, no Facebook. Não posso esquecer de dizer que eu sou o encarregado de transcrever dos livros estes textos.

Semana passada, o livro "Mito Perdido", escrito por José Assis Canoas, foi-me apresentado. O livro continha um pouco mais de 15 poemas, que me fizeram viajar enquanto os lia. Sinceramente, nunca imaginei que algum dia admiraria tanto as produções de um escritor destas bandas.

Separei alguns dos poemas que mais gostei, espero que gostem tanto quanto eu! Amanhã pretendo postar mais alguns!

VI

Almas de sons escritos nos cristais
Vibram em minhas ânsias e em meus gritos
Diluindo minha sombra nos murais
Que pedem perspectivas, infinitos...

Almas de sons são vozes ancestrais,
Imagens que se foram de olhos fitos,
A refletirem cores de vitrais
Sobre as lajes de escadas de granito...

Almas de sons em fuga nos meus vasos
rompem novo horizonte em meus ocasos
e rolam pelos mares como escolhos.

Almas de sons – as vozes do passado
são rumos de um futuro não pensado  
onde dragões germinam dos meus olhos...



V

Velas brancas navegam madrugadas
no passado que fui em mar distante
e ouço as vozes das ondas deslambradas
morrendo no horizonte balouçante.

Meneios gráceis de asas inclinadas
mostram a realidade vacilante,
marcando além dos mastros das jangadas
o infinito, a rotina, a cor do instante...

Velas brancas marcam meu passado
e cresceram no oceano irrevelado
que em sonhos antevi na minha infância.

Nasço além dos poentes que me ferem,
pois, sei que outras auroras me preferem
- velas brancas são almas da distância...
XII

Regresso em mim amanhecendo infâncias
De onde trouxe os meus lápis multicores
Para pintar no palco da distancia
A liteira em que levo minhas dores

Na aurora boreal das minhas ansias
Regresso pelas hastes destas flores
E evolo-me em promessas de fragrâncias
Do ontem que fui, a cintilar em cores.

Tardes morrendo em sons no meu regresso;
Nuvens de um sonho inútil e inconfesso
Caindo em chuva sobre a minha face.

Surgirei do horizonte que já fui
E na foz da minha alma um rio flui
Partindo para o mar que hoje renasce...


XX

Desfaço-me nas fímbrias das neblinas
 e isento-me de cânticos passados;
nuvens pensando em asas peregrinas
na fixidez dos voos não alçados.

A ante-noite dos sonhos reencontrados...
As trevas que latejam nas retinas
Andam buscando tetos desterrados
E amando as loiras tranças das meninas...

A distância sentida e a prévia fonte
Mancharam os meus lábios de horizonte
E despojaram anjos penitentes...

E os trevos solitários e medidos
Floriram os meus olhos remediados
Nas vidraças fatias dos meus poentes.

2 comentários:

  1. Matheus!
    Que orgulho ver as poesias de Assis Canoas em seu blog!
    Saiba que está amiga aqui, muito feliz está!
    Continue assim, a cultura barretense agradece.
    Abraços culturais querido :)

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  2. Muito obrigado, Karla!
    Fico muito contente em conhecer estas mentes brilhantes de nossa cidade. Obrigado pelos novos aprendizados!
    Abraço!

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O autor


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